Eis aqui mais uma das longas cartas que escrevo,
não ligue...
Talvez seja a forma mais eficaz
de tentar transformar em desapego o tamanho do meu desejo por você. Talvez seja
a última e possível tentativa frustrada de querer ouvir ou ler: cala a boca seu
idiota e me deixa gostar de você. Talvez seja meio mais lúcido de tornar puro
tudo aquilo o que sinto por você. Talvez seja meu ultimato para a esperança, a
vontade de te ter. Talvez...
Me apaixonei, me iludi e não foi
enganado. Em todo o tempo que ouvia o seu dito, sabia que poderia estar
embutido mais um engano, o de me entregar por completo e receber como alento o
teu silêncio. Como desabafo, grito aos quatro ventos que tentei, sofri e
chorei, mas, não por menos, vivi, sorri e beijei. Beijei teus lábios carnudos e
cheios de apetite, de frisson, de volúpia.
Queria me perder no teu abraço
por uma infinidade tempo. Queria que o mundo parasse enquanto sentia tua mão
tocar a minha e o teu olhar me fumegar de tesão. Ver as tuas pupiladas
dilatadas de tanto prazer me dava prazer e fazia o meu corpo tremer ,
arrepiando até o meu ego já inflado.
Queria que percebesse que o meu
bem querer é sincero. Queria que dominasse o que já é seu por direito adquirido.
Queria tornar sua noite o nosso melhor abrigo. Queria, simplesmente, que
deixasse eu ser o teu melhor amigo. Queria... Queria como ainda quero, mas a
minha razão não me permite. De que adianta uma completa entrega de minha parte
em troca de uma palavra: lindo?
Torci com impulso e teimosia
para que desse certo. Fiz por onde merecer seu carinho e atenção, mas vieram os
obstáculos e te fizeram a minha mais audaciosa utopia. A culpa, dessa vez, não
foi minha. Tenho plena convicção disso. Eu tentei, tentei, e tentei... Tentei
te mostrar que sou diferente dos outros. Tentei te mostrar que, mesmo com meus
muitos defeitos, poderia te fazer feliz. Tentei segurar em sua mão e caminhar a
um mesmo passo. Tentei ouvir de você: Pois é, meu caro, ao menos tentamos... Tentei...
O que me consola é que minha
intensidade no sentimento, mesmo não sendo feliz no final, me faz crescer. Queria
e tentei... O meu alento é saber que isso só vai machucar a mim. Com minhas
atitudes, acabei te blindando de tudo isso... O único a lamentar, com profundo
pesar, serei eu e isto é o suficiente para que me permita sofrer o sofrível,
aprender com o construtivo e me fazer abandonar o barco que nunca me
pertenceu... Desejo que nesta carta as reticências simbolizem o que restou, o
meu querer, o meu tentar e eu meu mais sincero desejo que sejas feliz.
Fico por aqui, sem sequer um
beijo de despedida... Esperando sentado, que o meu tão sonhado regalo de amor
se apresente como um beija flor, sutil, delicado e não menos imponente, que me
agarre com afinco e me faça por um bom tempo contente.
Seu amor vai chegar...
ResponderExcluirEsquente não.