sábado, 8 de outubro de 2011

Dia



Sempre quando acordo e mesmo que por alguns instantes, tenho como por hábito ficar olhando para o teto do meu quarto vislumbrando como será o meu dia. Faço do branco-gelo uma tela infinita, cuja única barreira é a do tempo. Este, injusto e mal-quisto, faz do suspiro o despertar de uma jornada longa. O dia apenas começa...
Meu alento é saber que tenho saúde para sair do ócio e do escárnio das adversidades e partir em busca do novo e do ousado, onde o tempero do agrado tem sabor de esperança e não por menos, de saudade. Com as mãos já não tão lisas, lavo o rosto, me olho no espelho e sorrio. Confesso que o sorriso nem sempre é o dos mais sinceros, mas o esforço do mostrar os dentes faz o dia buscar a cor transparente da paz. Continuo minha jornada...
A saúde é tímida. Ela não grita, mas está ali presente. Como num sussurro aparente, sempre se apraz contente. Os passos me levam além e o caminhar faz meu pulso acelerar pela vontade de estar ao lado de quem faz tão bem. O dia passa e a noite vem...
O vento no rosto me faz contemplar que a melhor hora do dia se aproxima. Corro sem sair do lugar, subo e desço em um único andar. Minhas pernas ganham mais força quando forço o calcanhar e o abraço entorpece quando o carinho enrijece o gesto nobre de amar. Volto para casa...
Lavo o rosto e sorrio gratuitamente. Deito-me e contemplo a mesma tela de bem cedo. Volto a sonhar acordado até que o sono volte a me fazer companhia. Trago comigo o cansado e o desejo estar ao seu lado pelo resto dos meus dias. Depois de um dia como este, não me resta muita coisa, a não ser o desejo de uma boa noite...

Por: Fábio do Bú.

Não me canso do amor, não me canso de amar...


 
Há quem pense que falar de amor doa mais do que sentir o dissabor de uma súbita partida. O sofrer é só uma das faces que preenche os enlaces de tamanha magia. Possa ser que a agonia se apresente com seu sarcasmo aparente, mas ela logo se afugenta; pois não há dor maior que não dure mais do que uma vida inteira.
O amor requer entrega, paixão, desejo e até desdenho. Quem ama se perde em si e se encontra no outro. As pernas estremecem e o suor faz as mãos brilharem, como o brilho de um olhar refletindo o amarelo das estrelas. A tristeza só se avizinha quando o outro não se encaixa, fazendo o prazer perder a graça e o bem-querer se dissipar como num vento a pairar na aurora adormecida. Mesmo assim amo.
Sentir o amor de verdade é o mesmo que tocar o dedo de Deus. É correr para o abraço que afaga, que protege, que acolhe, que sorria e que transcende em entendimento. É trocar o bom pelo melhor e o melhor pelo tudo. É esquecer a volta e dar uma volta pelo mundo em poucos segundos. É gostoso, é simples, é humano, é possível. Simplesmente É.
Podem vir o sofrer, o desdenho e a agonia, desde que me tragam o frisson, o carinho, a troca e a euforia do amor. Andar junto pode ser complicado, mas nada mais prático do que o treino forçado, cujos poros exalam em tom de suor a essência do prazer. Posso até querer parar um pouco para descansar, mas não me canso do amor, não me canso de amar...
  
Por: Fábio do Bú.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

COMO EU APRENDO: O saber vem pela majestosa arte do viver

Se o dom da vida tiver como principal substantivo a arte, diria que sou protagonista da minha história ao fazer com que tudo o que tenho aprendido durante estes vinte e cinco anos de idade se torne domínio em todas as experiências que serão vividas por mim posteriormente. Aprender me faz rever conceitos em todo o tempo, nas mais diversas circunstâncias e com as mais variadas personalidades que me cercam. Aprender é viver o novo em sua primazia.
Meu principal talento no processo de aprendizagem é o da comunicação. Sou uma pessoa que tem extrema necessidade de estar ao lado de outras pessoas, sejam elas compatíveis ou não com o meu modo de pensar. Já parei para conversar com alguns guardadores de carro da orla de Cabo Branco e Tambaú. Eles possuem experiências de vida extremamente enriquecedores e pouco valorizadas pela sociedade e pelo poder público. Não existe nada mais primoroso do que compartilhar experiências, retirar uma grande lição diante de cada exemplo citado e se sentir útil ao poder ajudar a alguém refletir por meio do seu testemunho de vida. Aprender é ser em toda sua intensidade.
Aprender não é um processo fácil, pelo menos para mim nunca foi. Tenho essa concepção, pois aprender meche com todas as nossas estruturas cognitivas e requer muita força de vontade e empenho por parte de quem tem necessidade ou deseja construir conhecimento por prazer ou por ânsia. Um grande primeiro passo para aprender a aprender, na minha concepção, é reconhecer que sempre haverá novas oportunidades para a aquisição de conhecimento. Um exemplo bem prático é sobre amizade. Algumas pessoas que se diziam serem minhas amigas, no momento em que as dificuldades de apresentavam, se faziam ausentes. Depois de sofrer algumas decepções, pude perceber quais são os verdadeiros valores que permeiam uma amizade sincera e recíproca. Aprender é trazer para a realidade algo que se apresentava em oculto.
Sempre gostei muito de observar cada situação de maneira muito particular. Compreender com atenção o que acontece ao nosso redor é uma virtude pouco praticada e eu faço questão de fazer isso, mesmo que demande certo tempo ou consuma um pouco mais de energia. E, mesmo sendo muito comunicativo, sempre procurei observar tudo o que me cerca, sejam atitudes, sejam gestos, sejam discursos ou simplesmente sejam olhares. Quando fui demitido injustamente em detrimento da inveja, fazendo referência a este contexto, procurei entender as razões pelas quais fizeram com que esta demissão fosse efetivada. O processo de reflexão foi tão importante que me despertou a vontade de escrever um projeto sobre o tema “Inveja”. Projeto que foi aprovado no processo de seleção deste mestrado e que me fez alçar voos ainda maiores do que os já então vivenciados. A premissa de que quem muito fala pouco vê pode até ser uma regra, mas não tenho dúvidas que sou uma exceção a ela. Aprender é sentir.
Mesmo vivendo em sociedade, nunca tive dúvidas que o meu conhecimento é herdado pelas minhas concepções de mundo. Posso ter tido inúmeras conversas educativas com meus pais, amigos, professores, mestres e doutores, mas a mudança vem pelas minhas atitudes e pelo meu querer. A minha bagagem só tem o que posso carregar e eu aprendi isso quando fiquei numa final de química no ensino médio, mais precisamente no segundo ano. Todos os amigos que pertenciam ao meu ciclo de amizade passaram por média e só eu fiquei para a final. Foi péssimo e inesquecível, mas relevante para que eu superasse os meus limites e corresse atrás do prejuízo. Resultado: passei na prova final de química com louvor! Aprender é algo individual.
Insegurança pode ser um grande obstáculo para se aprender algo. Aliás, pode só quando essa insegurança afugenta o que gera conhecimento. Os receios durante esse processo são considerados por mim naturais e nunca me fizeram desistir ou retroceder. Prova do que acabo de dizer está na lembrança que tive quando fui aprender a andar de bicicleta. Tinha quatro anos quando o meu irmão retirou as rodinhas auxiliares da nossa bicicleta. Montei na bicicleta na parte de cima da nossa rua e chegando ao final dela sofri uma queda horrível. Foi muito doloso, mas necessário para que favorecesse minha aprendizagem. Perdi o medo e voltei a andar na bicicleta. A essência do receio realça a curiosidade pelas novas concepções e incentivam o desejo pelo que sempre estar por vir. Aprender é saber lidar com o medo.
O respeito à multidisciplinaridade é essencial. Tudo gera conhecimento e novas perspectivas. Nunca restringi nenhuma oportunidade de aprender algo novo, mesmo que me traga algum tipo de transtorno ou possa gerar algum trauma, como o que tenho por cálculo, por exemplo. Mesmo não sentindo prazer algum em mergulhar no mundo dos números, sei que é algo extremamente importante e que serve como base para tudo o que venha a fazer. Mesmo sendo muito difícil, tenho me esforçado para mudar essa concepção. Aprender é quebrar todo e qualquer tipo de preconceito.
Fazer o que se gosta torna o processo de aprendizagem muito mais prazeroso. Tudo fica mais fácil e os tons de cinza do nosso conhecimento ganham mais cor. Se o aprender com as inseguranças é possível, imagine quando há pouco ou nenhum receio. Sempre captei as mensagens com mais facilidade quando adentrei em um mundo ao qual me apraz. As aulas de artes vividas na infância despertavam em mim o profundo desejo de me comunicar. Hoje posso dizer que estou para as artes como as artes estão para mim. A felicidade sempre favoreceu a visão holística do novo e do possível nos momentos em que imergi na situação desejada. Aprender é sentir gozo.
O conhecimento é uma poderosa ferramenta da qual somos detentores. É algo acessível e permissível a todo aquele que desejar possuí-lo. Sempre tive a certeza de que somos produtos das nossas idealizações e da nossa capacidade de sonhar grande. O sonhar também gera a vontade para se aprender algo na busca pelo alcance dos objetivos construídos. Procuro nunca subestimar minhas capacidades e enaltecer as minhas potencialidades. Tem dado muito certo nesse constante e virtuoso processo. Após oito meses de dedicação, estudo e muitas noites em claro, passei no processo seletivo do mestrado em “Gestão Estratégica, Trabalho e Sociedade” do PPGA da UFPB. Hoje moro numa das capitais mais belas do nordeste brasileiro e pertinho do mar. Não há nada mais incrível! Aprender é voar alto.
Mesmo o processo de aprendizagem sendo considerado por mim individual, não posso deixar de reconhecer os responsáveis pelo incentivo à minha aprendizagem e à minha cultura. Tenho valores adquiridos que jamais se perderão com tempo. Valores ministrados pelos meus pais e irmão, pelos meus parentes, pelos meus amigos, pelos meus professores do ensino infantil, fundamental, médio e superior, pela igreja ao qual faço parte, pelos ambientes que me inseri e que me insiro e pelas mídias que acompanho. Minha mãe, por exemplo, sempre me levou ao banco e me ensinou como fazer as operações financeiras. Desde muito cedo compreendi a importância que o dinheiro tem para as nossas vidas. Sou grato e procuro disseminar as grandes oportunidades que me foram e são ofertadas. Aprender traz reconhecimento
Quanto mais conhecimento, mais oportunidades surgem em nossas vidas. Nunca tive dúvidas que a aprendizagem nos leva além, nos faz vislumbrar um único ponto por diversos ângulos. Nossas forças aumentam, nossa capacidade cognitiva é instigada, nosso intelectual é revestido de poder e a nossa visão de mundo, mesmo se tornando mais complexa, gera propriedade de conhecimento. Por exemplo, diante do meu aprendizado adquirido por meio de um estágio num dos maiores bancos do Brasil, pude retornar a este estágio por mais duas vezes. Cresci muito profissionalmente e pessoalmente. Aprender gera esperança.
Aprender é, na verdade, um grande exercício de força de vontade e que tem como fruto a autoeficiência. É um processo evolutivo e merecedor de uma atenção especial. Sempre procurei tirar uma grande lição para cada fato ao qual participei. Obviamente que nem todas as lições me isentaram de algum tipo de sofrimento, mas todas elas enalteceram minha capacidade cognitiva, intelectual e moral. Não existem arrependimentos e o desejo maior é a constante busca do que seria considerado ideal para mim enquanto ferramenta de aprendizagem e enquanto conhecimento apurado. Aprender é tudo. 

Por: Fábio do Bú.