terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Teu sorriso


            Quando era pequeno tinha medo quando ficava nublado, o som do trovão me fazia tremer e o vento causava arrepio. Tudo ficava sombrio, frio e assustador. Não sabia o que fazer e nem como agir diante desse medo. Precisava abandonar o que me fazia mal para poder seguir adiante.
            Quando menos espero, num dia nublado como este, leio num pedaço de papel a seguinte frase: “Não se desespere em meio as mais sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água limpa e fecunda”. Nunca mais esqueci essa frase, pois ela me deu sentido ao que já não havia. Renovei minhas esperanças.
            Por esses dias, já cansado de lamentar o que não vale mais a pena, resolvi caminhar na praia. O céu estava nublado, mas não mais me afligia como na infância porque a luz voltaria depois, tinha essa certeza. Sentia cada grão de areia envolvendo meus pés, isso me trazia conforto, conforto e a paz que tanto precisava.
            Quando a onda era mais forte, banhava meus dedos pra sentir que estou vivo, aquilo era real. Mesmo sem saber como agir diante do desapego cria que algo bom iria acontecer. E aconteceu.
Eis que surge um sorriso...
            O andar, o gesticular, o olhar falavam muito, mas nada se comparava ao sorriso. O corpo todo era reflexo daqueles dentes claros e corretamente espalhados na boca. Sentia verdade no sentimento despretensioso. Banhei novamente meus dedos para saber se era verdade. Comprovei que era. Percebi que o vento ficou mais gelado, causando arrepio, mas não era porque estava nublado. Dentro de mim já não era inverno.
As estações mudaram com um sorriso, primavera se fez. Já não queria observar aquele sorriso de longe, havia a necessidade de senti-lo intensamente passando minha língua por eles. Isso mesmo... Sem pudor, sentir o ápice do teu calor, fazendo com que aquele frio deixasse de existir.
Continuo o meu passeio pela areia, agora não mais desacompanhado. Um trecho de uma canção diz que “pode chover, relampejar, trovão roncar e raio cair...”, mas não estou mais só... Tenho o seu sorriso comigo.

Por: Fábio do Bú.

Nenhum comentário:

Postar um comentário