Deixo você ir...

          Hoje acordei com uma sensação diferente... A sensação que não me pertencia mais. Diante do espelho o único reflexo que vislumbrava era o seu olhar de partida. O meu GOSTAR deu lugar ao vazio. Tentava encontrar respostas a todas as perguntas, mas todas as suposições originavam desalento.

O meu UNIVERSO podia se chamar de seu, mas de que adianta ter um universo se você não cuida dele? É uma terra sem dono... E quando uma terra não tem dono o fino trato não existe e todas as flores que eram regadas anteriormente dão lugar à sequidão de um coração cansado de esperar.

          Meus SENTIMENTOS sofrem uma punhalada a cada silenciar. Aflito fico quando te busco e o que encontro são canções em tom de alento. Aquí estoy, pero no me veo... Meu TATO já não tem a sensibilidade ao tocar meu próprio rosto. É mais fácil achar a saída de um labirinto do que desvendar o que você sente.

            Meu AMOR está entregue a ti, mas não há reciprocidade. Diante de tantas aspirações, indagações, reflexões e tristezas, a mais sensata de todas as soluções é deixar você ir... A minha VOZ embargada e que tanto te aperreia está prestes a se calar e com dor, muita dor no peito me permito deixar você ir...

            A renúncia é uma grande, diria gigantesca prova de que quando se ama nem sempre o melhor para ambos é estar perto. Estou provando o quanto te amo, o quanto te quero e o quanto te desejo deixando você ir... E o que resta? Restam lembranças do teu sorriso, do teu OLHAR, da euphoria do teu cheiro e o teu silêncio...

            Vá, vá logo...! Não precisa me dizer adeus porque seria doloroso por demais. Seria sufocar quem já agoniza. Não se preocupe com quem fica, a dor também ensina, a dor dá discernimento, a dor aprimora o ego inflamado pela angústia.

            Fico aqui... só, sem você e sem mim, mas mesmo assim deixo você ir...

Por: Fábio do Bú.